domingo, 12 de julho de 2009

Em que assistir TV tem a ver com a Asma? Ampliando as possibilidades de compreensão e do tratamendo desta doença

Entre os processos de adoecimento mais frequentes de nosso tempo, a asma é um dos mais preocupantes, chamando a atenção por sua presença crescente em todo mundo especialmente da segunda metade do século passado até este final de primeiro decênio do século XXI. Nestes meses invernais, o “cansaço”, como é referido mais comunmente pela população recifense, leva às emergências e consultórios médicos milhares de crianças e adultos, com os tradicionais sintomas de falta de ar e chiado no peito. Nem sempre estes sintomas são sinônimos de asma, no entanto, esta é uma de suas principais causas (junto com o resfriado comum e a bronquite não asmática) e, sem dúvida, aquela que, se não cuidada, pode levar a maiores complicações para a saúde da pessoa que estiver manifestando este quadro.

Tentemos resumir um pouco o que acontece com nosso corpo numa crise de asma:

-O ar que entra pelo nosso nariz e/ou boca, depois de ter passado por faringe, laringe e traquéia, atravessa um par de estuturas condutoras chamados brônquios, um esquerdo e um direito. Cada um se dirige para o seu respetivo pulmão.

-A asma é um processo crônico de inflamação dos brônquios provocado por um tipo de resposta exacerbada do nosso sitema “de defesa” , o sistema imunológico. Falamos de exacerbação, porque muitas vezes a presença do agressor é mínima e desproporcional diante da amplitude da resposta inflamatória e, em algumas situações, nenhum agressor “externo” é identificado. Nesta reação do nosso organismo, que acaba sendo contra ele mesmo, os pequenos músculos que envolvem os brônquios se contraem provocando a chamada “broncoconstrição”, que mais dificulta a saída do ar que a sua própria entrada.

-Há três fatores principais que desencadeiam esta resposta de defesa exagerada do nosso corpo: (1) substâncias alérgenas (isto é, que provocam alergia, como substâncias químicas de perfumes, ou biológicas, de seres microscópicos da família das aranhas – aracnídeos - chamados ácaros que vivem na poeira de nossas casas), (2) certas atividades físicas e (3) situações de estresse emocional.

É importante destacar que não é todo sistema imunológico que se encontra hiperfuncionante no quadro asmático. Apenas um determinado tipo de resposta, que está mais relacionada a infecções parasitárias, se encontra desregulada “para mais”, enquanto a resposta para infecções por outros tipos de microorganismos, como as bactérias, se encontra desregulada “para menos”. Ocorre um desquilíbrio na asma que no fim das contas representa um enfraquecimento de nossa imunidade.

O tratamento de médio e longo prazo, preventivo das crises asmáticas, mais recomendado na atualidade, é o uso dos corticóides inalatórios. Os corticóides são medicamentos semelhantes, do ponto de vista químico, a um hormônio naturalmente produzido pelo nosso corpo, nas glândulas adrenais, o cortisol. Um dos diversos efeitos do cortisol e por consequencia dos seus similares artificiais é a imunodepressão, isto é, um bloqueio parcial de nossa resposta imunológica, cuja exacerbação está na base das manifestações asmáticas.

Os resultados com este tratamento podem diminuir de maneira importante a frequencia das crises de asma, o que torna os corticóides inalatórios uma ferramenta muito útil no manejo de quadros crônicos, com pioras recidivantes. Todavia podemos questionar: não é possível outro tratamento da asma que corrija este desequilíbrio imunológico ao invés de apenas bloqueá-lo?

É o que buscam práticas integrativas como a Medicina Antroposófica, a partir de uma nova compreensão sobre o processo de adoecimento do ser humano. Para a medicina ampliada pela Antroposofia, uma das suas metas mais importantes é acompanhar e fortalecer de forma natural o amadurecimento e desenvolvimento do nosso sistema imunológico e não inibí-lo. Medidas simples como o nascimento por parto natural, a alimentação orgânica e com cereais integrais, crescimento em contato com a natureza, evitar uso desnecessário de medicamentos que bloqueiam reações naturais do organismo como a febre, uso de antibióticos apenas quando o organismo não consegue dar conta “sozinho” do quadro infeccioso, são algumas orientações que já se mostraram eficazes como medidas preventivas da asma.

Além disso, pode se somar ao entendimento vigente da fisiopatologia da doença a compreensão antroposófica de que processos de adoecimento cuja principal manifestação seja um aumento da contração muscular (a broncoconstrição, no caso da asma) estão associados a uma atividade exagerada de uma das quatro organizações que formam o ser humano, a organização anímica ou corpo astral. A sede física da organização anímica são os rins, o que faz com que dirijamos nossos esforços terapêuticos no sentido de melhorar o seu funcionamento atrávés de terapias externas e medicamentos preparados com substâncias naturais, pensados a partir da imagem (arquétipo) deste órgão. Podemos citar como preventivo de crises asmáticas, em adultos, o chá de cavalinha, uma xícara diária por três meses. Um tratamento que focalize os rins, neste caso, está mais dirigido à causa da doença do que se voltarmos nosso olhar apenas para os pulmões.

A organização anímica pode ser hiperestimulada por atividades como assistir televisão. Este pode ser um dos motivos pelos quais, num estudo recente da revista médica britância Thorax, mostrou-se que crianças que assistem mais de duas horas de TV por dia tem o dobro de probabilidade de serem diagnosticadas com asma aos 11 anos e meio de idade, se comparadas às que assistem menos de duas horas. A organização anímica age pelo desgaste da organização vital ou corpo etérico, o que também é bastante percebido em crianças que são hiperestimuladas na escola, em casa, fazendo milhares de atividades informativas, sem espaço para brincar e criar seu universo de conexão com o mundo. Adultos e crianças que apresentam asma são frequentemente desvitalizados e precisam de cuidados especiais com seu fígado para superar este desgaste, como através de compressas abdominais com chá de mil-folhas na região hepática.

Para o sucesso no cuidado com a asma, é fundamental uma relação de parceria entre a pessoa que busca o tratamento e o seu médico ou sua médica. A abordagem terpêutica não pode se limitar a medicamentos paliativos para as crises, mas se abrir às fortes e muitas vezes difíceis mudanças de vida que um tratamento da asma, para além das evidências, pode demandar.

Ativemo-nos neste pequeno artigo a algumas noções superficiais e com certeza incompletas, mas que acreditamos podem trazer reflexões úteis para a atuação de profissionais e pacientes no cuidado com a asma. Um estudo mais amplo pode ser feito a partir da bibliografia abaixo que também nos orientou na preparação destas linhas. Mahalo!

Bibliografia recomendada:

· IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, disponível para download na página virtual www.sbpt.org.br

. Thorax, Apr 2009; 64: 321 - 325. ScienceDaily. Consultado em 12 de julho, 2009, em http://www.sciencedaily.com/releases/2009/03/090302213822.htm

. A Bronquite e a Asma, artigo do Dr. Antonio José Marques e Dra. Carla Antunes, disponível no site www.vivendasantanna.com.br ;

. Artigos relacionados ao Estudo Parsifal com crianças de cinco países da Europa que são tratadas com Medicina Antroposófica e estudam em Escolas Waldorf, http://www.whale.to/vaccine/parsifal_study_group_citations.html ou http://en.wikipedia.org/wiki/PARSIFAL_study

. Husseman, F & Wolf, O. A Imagem do Homem como base da Arte Médica. São Paulo: ABT/ABMA, 1984.

Um comentário:

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