quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A ciência como caminho de auto-desenvolvimento

Quais são os desafios próprios do ser humano em nossa época? Que rumos apontar para nosso devir humano, para nosso devir humanidade? Podemos, em parceria com as inúmeras condições imutáveis que nos são dadas pela vida, fazer escolhas que apontem para um caminho de carinho, acolhimento, respeito, compreensão, solidariedade e justiça, atravessando nossas sombras, medos e destrutividade?

Se podemos fazer escolhas, das mais simples e práticas às mais densas e existenciais, é porque somos presenteados com uma força, uma fonte co-criadora do mundo, que não é determinada pela matéria, mas é capaz de descobrir e atuar junto ao que se manifesta no material. A esta força, a este núcelo íntimo do ser humano de consciência e escolha, chamamos de espírito.

A antroposofia é um caminho para o despertar espiritual do ser humano moderno. O espiritual é tão importante e real em nossas vidas quanto o material. Um caminho que ensine a como nos movimentarmos entre estas duas qualidades do mundo da vida, a material e a espiritual, é fundamental, para que participemos dele de uma forma livre e realizante.

Os passos que a Antroposofia aponta para esta dança entre o material e o espiritual começam por um deter-se, um repousar nossa atenção, nos principais fenômenos onde ocorre este encontro: as nossas percepções e os nossos pensamentos. Evitarmos os julgamentos e as especulações, e desenvolver um pensar, num primeiro momento, receptivo, cuidadoso, atento, é um primeiro exercício valioso neste caminho. Tal pensar pode ser explorado no que chamamos de observação goethianística da natureza. Sobre esta, falerei mais adiante num próximo texto.

Assim, muitas das práticas antroposóficas têm como núcleo central e inicial exercícios onde desenvolvemos este pensar contemplativo, rítmico ou do coração. Podemos mergulhar na realidade. Com a objetividade de nossos sentidos, detalhamos os elementos que percebemos (nos seres da natureza e em nossas situações do dia-a-dia) e com nosso pensar, desvendamos as forças que sujacem à realidade. Isto pode e deve ser apoiado pelo caminho da expressão artística, tanto com desenhos quanto com argila, por exemplo.

Para fortalecer esta dimensão reverente da alma, esta atitude corajosa e amorosa, podemos trabalhar com imagens capazes de estimulá-la . Com este objetivo, podem ser realizados exercícios eurítimicos fundamentais com vogais, por exemplo, e também repousos com compressas e escalda-pés, já que o calor é o veículo do nosso Eu, e nossos órgãos e regiões do corpo trazem dinamicamente as imagens que desejamos desenvolver.